densidade urbana

Os Prós e Contras da Densidade Urbana

Quando falamos de densidade urbana estamos falando do número total da população numa área específica, o que pode ser traduzido de algumas formas: total de habitações numa determinada área urbana ou número de habitantes por unidade de terra. Nesses casos, a medida pode ser feita em quilômetros quadrados (km²), hectares (ha) ou acres.

A densidade urbana é muito utilizada durante o processo de planejamento urbano, e é um fator determinante para projetos de ocupação por parte de planejadores, engenheiros e arquitetos. Com essa ferramenta eles podem definir a extensão a ser ocupada em uma determinada área da cidade.

Muitos planejadores urbanos defendem densidades urbanas mais altas por conta da teoria de que as cidades operam com mais eficiência quando os moradores vivem em ambientes urbanos mais densos. Quando as cidades têm altas densidades, elas tendem a ser mais caminháveis ​​e têm mais opções de transporte. No entanto, quando as cidades se expandem a partir do centro sem o benefício do planejamento de crescimento inteligente, elas podem se tornar relativamente insustentáveis. A sustentabilidade tem vários componentes pertinentes aos planejadores urbanos, mas o mais importante deles é o transporte e como as pessoas se locomovem.

Benefícios da densidade urbana

A densidade urbana quando bem feita, traz todos os tipos de benefícios. Em média, as pessoas que vivem em áreas densas e transitáveis ​​tendem a ser fisicamente mais saudáveis, mais felizes e mais produtivas. Os governos locais pagam menos em custos de infraestrutura para apoiar os moradores urbanos do que para apoiar os suburbanos (longe de centros urbanos). O consumo de energia per capita é menor em áreas densas, o que é bom para a diminuição da poluição do ar e das mudanças climáticas.

Além disso, áreas densas e transitáveis ​​tendem a ser mais agitadas e culturalmente enriquecidas. Há uma razão pela qual estes locais costumam ser tão caros para se viver – muitas pessoas querem morar lá. Mas criar uma área densa e transitável quase sempre significa aumentar a densidade de um ambiente construído que já existe. E não estamos construindo cidades novas. Estamos trabalhando com as já existentes. E cidades construídas após o advento do automóvel foram geralmente construídas em torno de carros, o que geralmente significa baixa densidade.

Adensamento pode significar uma mudança no zoneamento para permitir maior altura em áreas urbanizadas já existentes, ou permitir tipos diferentes de construções e metragens para aproveitar o espaço. Além de possivelmente estender o tráfego de pessoas para novas áreas.

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Sustentabilidade versus dependência automobilística

A dependência de automóveis particulares surgiu na metade do século 20 como resultado de políticas que favoreceram a construção de rodovias em detrimento as ferrovias. Isso fez com que novas cidades fossem planejadas ao redor de carros, espalhando-se em grandes distâncias para fora dos centros urbanos. A cidade de Brasília-DF é um exemplo: foi planejada de um jeito que exige deslocamentos suficientemente grandes para desencorajar a locomoção a pé.

Mas a necessidade de possuir um carro é um fardo para as pessoas que não podem pagar (ou não querem um). Famílias de baixa renda, famílias com um único carro, pessoas com deficiência e idosos que não dirigem mais enfrentariam maiores desigualdades no acesso a moradia, educação, instalações de lazer e oportunidades de emprego a preços acessíveis.  

Além disso, quando uma cidade é pensada ao redor de carros ela é forçada a crescer horizontalmente. Quanto mais carros, mais estacionamentos e ruas cada vez mais largas são necessários, a assim sucessivamente para acomodar cada vez mais automóveis.

Expansão horizontal

A expansão urbana horizontal ocorre quando as cidades crescem desordenadamente para longe de seus centros sobre terrenos não desenvolvidos e em padrões de baixa densidade. Normalmente, a expansão urbana é caracterizada por um novo desenvolvimento que depende da infraestrutura automobilística e uma expansão dos serviços municipais em terras rurais. Muitas vilas e cidades são limitadas financeiramente porque suas áreas de serviço precisam cobrir uma área muito grande, ineficiente em recursos e de baixa densidade. A expansão não é apenas caracterizada por baixos rendimentos de impostos e um alongamento dos serviços municipais, mas também é evidente no aumento da poluição do ar pelo uso de carros para muitas viagens de único ocupante e de missão única – aquelas viagens feitas por apenas um motivo, como ir ao mercado ou pegar o filho na escola. Socialmente, a expansão pode ser descrita como uma descentralização das cidades, onde o ambiente construído é de propósito único, muitas vezes residencial, sem conexão com o centro da cidade.

Densidade Urbana e a Poluição Nos Grandes Centros

Outro perigo quando se trata de crescimento e expansão urbana é a emissão de gás carbônico (CO2). Centros urbanos bem planejados, com uma boa infraestrutura e serviços básicos de qualidade são um convite para que pessoas que trabalham nesses lugares possam também morar neles. Dessa forma precisariam pegar apenas uma linha de ônibus ou metrô, ou poderiam mesmo ir de bicicleta, quem sabe a pé, dependendo da distância. Assim fazendo não iriam se incomodar com tempo desperdiçado no engarrafamento, gasto de combustível, e consequentemente, com alta emissão de CO2 vindo dos veículos. Sem contar os pontos positivos para a saúde, caso decidissem se locomover a pé ou pedalando.

Infelizmente, ao contrário de muitos centros na Europa e Ásia, em boa parte das cidades brasileiras o sistema de transporte também é precário, assim como a infraestrutura. Por essa razão, muitos preferem morar longe do caos urbano, apenas se deslocando até o centro para trabalhar. E isso acabam gerando estresses e outros incômodos por conta do deslocamento. Por outro lado, ao chegar em suas casas, os que escolheram um local mais afastado encontram um refúgio que muito provavelmente seria abafado pelos ruídos e o frenesi da área central.

Crescimento inteligente

O crescimento inteligente é normalmente planejado e centra-se no conceito de centros urbanos compactos construídos em torno de estações de transporte público de alta qualidade, como pontos de ônibus ou metrô. Ele está planejado para ser autossustentável por um longo tempo por meio de seus usos multifuncionais e facilidade de acesso por meio de calçadas, ciclovias e transporte público de qualidade. Esse crescimento é inteligente porque deve durar e não depender apenas do uso do automóvel. Muitas cidades europeias são construídas em padrões de “crescimento inteligente”, mas foram construídas assim muito antes do advento do automóvel e, portanto, foram projetadas em dimensões de escala mais humana.

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Os centros também precisam necessariamente serem multimodais. Modos de transporte como caminhar, andar de bicicleta e transporte público de metrô, trem e ônibus devem ser enfatizados. Se você tentar projetar densidade em torno de carros, é uma receita para o fracasso. As cidades precisam tornar a caminhada, o ciclismo e o trânsito não apenas disponíveis, mas extremamente agradáveis para a população com passeios bem planejados.

Um fator importante também são as amenidades e uma diversidade de tipos de habitação, para tornar a densidade não apenas compacta, mas habitável e agradável. É a diferença entre amontoar pessoas e criar ótimas vizinhanças. Então, amenidades como parques e espaços verdes, lugares públicos e de pessoas, preservação e integração do patrimônio, equipamentos comunitários e culturais. Amenidades são as coisas que dão às comunidades identidade e vitalidade.

A densidade urbana e o progresso

Não há dúvidas de que a densidade urbana e o progresso devem estar em harmonia. A expansão de uma cidade traz desenvolvimento, atrai investidores, gera empregos. Mas esse crescimento urbano deve ser planejado com bom senso. Caso contrário, veremos grandes centros urbanos com baixa qualidade de vida das pessoas que ali habitam.

Para que isso não aconteça é necessário que o Estado invista fortemente em planejamento urbano, unindo forças junto às instituições privadas com alto grau de conhecimento e competência quando o assunto é infraestrutura. Só assim a cidade irá crescer sem que seus habitantes fiquem para trás. Quem não teria orgulho de morar num lugar assim?

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